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A GUERRA DE CANUDOS /A RESISTÊNCIA DE BELO MONTE

Há 120 anos, o Arraial de Santo Antônio do Belo Monte, fundado pelo líder popular Antônio Conselheiro (1830-1897), às margens do rio Vaza-Barris, Canudos, nos sertões da Bahia, caiu definitivamente sob o intenso bombardeio dos canhões do exército republicano, às ordens do governo civil de Prudente de Morais. De uma população de cerca de 30 mil habitantes, sobraram apenas cinco sobreviventes, “que todos morreram” (Euclides da Cunha, Os sertões, 1902).

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Registrado pela história oficial como uma revolta de sertanejos fanáticos, liderados por um beato “bronco”, o episódio foi inicialmente relegado ao esquecimento, porém permaneceu no imaginário do país, constituindo um ciclo historiográfico e literário, como assunto continuamente revisitado por pesquisadores, ensaístas, poetas, ficcionistas, compositores, documentaristas, artistas plásticos, jornalistas e historiadores.

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A história de luta e resistência dos sertanejos de Belo Monte (oficialmente Canudos)  reúne um acervo iconográfico, ensaístico e literário dos mais densos e ricos da cultura brasileira e universal, suscitando o interesse de sucessivas gerações, em torno do fato histórico e suas representações na história, na arte e na literatura. Ao longo de 12 décadas, constata-se um verdadeiro debate em aberto, em que perguntas e respostas se multiplicam e se respondem, sem esgotar o enigma das motivações e circunstâncias do terrível conflito. A História se ocupa de fatos, documentos, discursos e suas diversas versões. A  literatura recria e representa o episódio em obras de poesia, de ficção e de cordel que dialogam com a historiografia, trazendo à tona circunstâncias, detalhes e versões, aproximando o leitor do drama das personagens, recriando seus traços humanos, sua condição social e suas motivações culturais, demonstrando a violência e o crime da intervenção militar contra um povo sertanejo, que ousou criar suas próprias bases de sobrevivência, contrariando os interesses do mandonismo local e do coronelismo reinante nos vastos latifúndios do sertão.

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Nos 120 anos do massacre de Belo Monte/Guerra de Canudos, este seminário pretende reunir estudiosos, escritores, estudantes, leitores e demais interessados, para promover a discussão de fatos, versões, imagens e representações dos eventos da Guerra de Canudos (1896-97), como forma de compartilhar a memória, adensar o discurso analítico e atualizar informações, pondo em debate os discursos do passado e do presente, para atualização e revisão de conceitos e pontos de vista, confrontando as diversas versões do centro e do sertão, de modo a refletir criticamente sobre o conflito histórico a partir do lugar cultural sertanejo.

 

OBJETIVOS:

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O objetivo geral do evento é oportunizar momentos de reflexão sobre as circunstâncias e os fatos e consequências do massacre da comunidade de Belo Monte, em Canudos, numa intervenção militar que ficou na história como um crime da nacionalidade.

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Os objetivos específicos atendem à necessidade de atualização, permuta e debate dos estudos do fato histórico e suas representações na História, na arte e na literatura, assim como a releitura dos textos do passado e dos contemporâneos, na interface das narrativas historiográficas e ficcionais, e suas contribuições para a preservação da memória e da consciência crítica das novas gerações.

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